Lourenço LC, Cardoso M, Horta D, Carvalho R, Santos L, Martins A, Reis J
Serviço de Gastrenterologia - Hospital Prof.Dr. Fernando Fonseca, E.P.E.
Mocanu I., E. Silva, Valente A., Palma R.,
Unidade de Cuidados Intensivos de Gastrenterologia e Hepatologia, Serviço de Gastrenterologia, Hospital de Santa Maria; Serviço de Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Maria
A transplantação reno-pancreática combinada é a abordagem cirúrgica de primeira linha na Diabetes tipo 1 complicada de doença renal crónica terminal. O pâncreas e o arco duodenal do dador são anastomosados ao íleon terminal, de modo a manter a derivação exócrina entérica. Em Portugal, o primeiro transplante combinado foi realizado em 1993 e a maior série tem 150 doentes, com uma taxa de 79% de enxertos pancreáticos funcionantes ao fim de 9 anos.
Apresentamos o caso de um homem de 34 anos com diabetes mellitus tipo 1 complicada de doença renal crónica em estadio terminal, submetido a transplante reno-pancreático há 3 anos. Verificou-se falência do enxerto pancreático ao fim de 2 meses e do enxerto renal após 15 meses. Recorreu ao Serviço de urgência por palidez, lipotímia e hematoquézias, sem dor abdominal acompanhante. Apresentava-se taquicárdico, hipotenso, com anemia aguda grave (Hb 7.6g/dL) e hematoquezia volumosa. A endoscopia digestiva alta não mostrou alterações e a colonoscopia revelou hemorragia proveniente do delgado. A enteroTC evidenciou fístula entre artéria ilíaca primitiva e ansa do íleon terminal, assim como imagens hiperdensas sugestivas de clips cirúrgicos e uma formação oblongada que corresponde ao remanescente pancreático na mesma localização. Após decisão multidisciplinar, o doente foi submetido a cirurgia vascular urgente, procedendo-se a encerramento de fístula com prótese endovascular. Não se verificou recidiva hemorrágica no follow-up.
A hemorragia aguda tardia no pós-transplante pancreático é rara. A formação de aneurisma arterial deve-se a a libertação de suco pancreático e inflamação local associadas ao processo de rejeição, podendo evoluir para a formação de fístula ilíaco-entérica. Reportamos este caso pela raridade desta entidade na prática clínica. Atendendo à evolução cataclísmica, a suspeição clínica e a rápida atuação em equipa multidisciplinar é imperativa.
Libânio D. (1) , Lage J. (1) , Afonso L. (2), Dinis-Ribeiro M. (1), Pimentel-Nunes P. (1)
(1) Serviço de Gastrenterologia - Instituto Português de Oncologia do Porto (2) Serviço de Anatomia Patológica - Instituto Português de Oncologia do Porto
Gravito-Soares M(1), Gravito-Soares E(1), Souto P(1), Agostinho C(1), Camacho E(1), Rodrigues P(2), Fraga J(2), Silva M(2), Sofia C(1)
(1)Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E. (2)Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E.
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